Sentido da Vida
- Reflexões e Inspirações
- 29 de mai.
- 4 min de leitura
Atualizado: 12 de jun.
É curioso como essa pergunta insiste em bater à porta da nossa consciência, às vezes de forma sutil, às vezes como um grito desesperado... qual é o sentido da vida? E por mais que o tempo passe, por mais que a humanidade avance, por mais que tentemos fugir, ela continua ali... olhando nos nossos olhos, como quem desafia, como quem provoca, como quem diz: me encare, me responda... se for capaz. E, talvez, seja justamente esse o ponto... talvez não exista resposta. Talvez a pergunta em si seja mais importante do que qualquer tentativa de resposta. Porque cada um que tenta responder descobre uma verdade que, no fundo, só serve pra si... e não adianta tentar encaixar nos outros, não adianta transformar isso em regra, em fórmula, em manual... não funciona assim. Tem quem encontre sentido na fé, no divino, no espiritual, no invisível... algo que transcende essa existência, que promete algo além, algo depois, algo maior... e se agarra nisso como quem se agarra a uma tábua no meio de um mar revolto. Tem quem encontre no amor... naquele amor que aquece, que acolhe, que faz o tempo parar... e, por alguns instantes, faz parecer que tudo valeu a pena só por poder compartilhar a existência com alguém. E tem quem viva em busca de uma missão... algo que ainda não sabe o que é, mas sente que existe... sente que está lá na frente, esperando, chamando... e, enquanto não encontra, caminha... mesmo sem saber exatamente pra onde. Tem quem ache sentido nos filhos... na continuidade... no legado... na ideia de que, mesmo depois que o corpo se apaga, algo de si continua vivo, respirando, caminhando por aí. Outros tentam encontrar sentido no trabalho, no sucesso, na construção de algo grandioso... algo que os faça serem lembrados, reconhecidos, validados. E, ao mesmo tempo, tem quem simplesmente desista de procurar... porque cansa... cansa demais. Porque, às vezes, a vida parece um ciclo infinito de acordar, trabalhar, pagar contas, fingir que está tudo bem, repetir... repetir... repetir... e repetir até que o corpo não aguente mais. E, quando chega nesse ponto, o vazio se torna tão insuportável que muita gente simplesmente não consegue mais... simplesmente não vê mais motivo pra continuar... e, de repente, o silêncio que fica é mais barulhento do que qualquer grito. Os números estão aí... frios... duros... impiedosos... e, ao mesmo tempo, ignorados. Só no Brasil, em 2022, mais de 16 mil pessoas desistiram... e, se você acha que é fraqueza... que é falta de Deus... que é drama... é porque você nunca precisou encarar esse abismo de perto. Porque quem já esteve lá sabe... não é sobre fraqueza... não é sobre frescura... não é sobre chamar atenção... é sobre não aguentar mais carregar um peso que ninguém vê... é sobre gritar pra dentro até não sobrar voz... é sobre existir e, ao mesmo tempo, não estar... é sobre estar rodeado de gente e, ainda assim, se sentir absolutamente sozinho. E é cruel demais perceber como a sociedade construiu um sistema onde o valor de uma pessoa é medido por produtividade, por aparência, por status, por curtidas, por seguidores, por diploma, por carro, por casa... como se a existência se resumisse a isso... como se fosse possível transformar uma vida inteira em número, em KPI, em métrica de desempenho. E, no meio disso tudo, quem não encaixa... quem não performa... quem não entrega... é descartado... é ignorado... é silenciado... como se fosse defeito de fábrica... como se não merecesse estar aqui. E eu fico me perguntando... quando foi que a gente começou a achar normal viver assim? Quando foi que a gente aceitou trocar o abraço pela notificação, o olhar pelo emoji, a conversa pelo story, a presença pela entrega expressa? Quando foi que esqueceram que, por trás de cada CPF, de cada arroba, de cada currículo, existe alguém... alguém que sente... que sonha... que chora... que tem medo... que às vezes só queria ser ouvido... só queria existir sem precisar provar nada pra ninguém. E, talvez, só talvez... o sentido da vida não esteja em encontrar uma grande resposta, uma revelação mística, uma iluminação sobrenatural... talvez esteja justamente em aprender a existir apesar do caos... em perceber que o milagre não está lá fora, nem no além, nem no depois... tá aqui... agora... no simples fato de respirar... no cheiro do café... no barulho da chuva... no sorriso que você não esperava... na música que toca bem na hora certa... no abraço apertado... no pôr do sol que você quase não percebeu... na ligação que chega do nada... no "tô com saudade"... no "fica mais um pouco"... no "você é importante pra mim". Talvez o sentido da vida seja menos sobre entender e mais sobre sentir... menos sobre buscar e mais sobre estar... menos sobre o destino e mais sobre a jornada. Porque, no fim das contas, todo mundo só quer a mesma coisa... se sentir vivo... se sentir visto... se sentir amado... se sentir, de alguma forma, parte de algo... e, se der sorte, quem sabe até... se sentir em paz.




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