top of page

Reflexões e Inspirações 

Apenas Mais Um

Às vezes eu paro para pensar em como a vida de uma pessoa comum pode ser pequena diante de tudo. Foi assim outro dia, quando eu estava andando pelo mercado da minha cidade. Olhando para tanta gente ao meu redor, percebi o quanto somos só mais rostos em meio a uma multidão. Pessoas vêm e vão, compram suas coisas, vivem suas rotinas… e a verdade é que ninguém vai se lembrar da maioria delas. É estranho pensar nisso, mas não importa o quanto a gente se esforce, sempre vai existir alguém “maior” ou “melhor”. Um médico que estudou anos pode ser muito bom, mas ainda assim vai ter outro mais famoso, mais experiente, mais reconhecido. Um músico pode passar a vida tocando, mas talvez nunca seja ouvido além de sua cidade. Um escritor pode encher cadernos e mais cadernos de palavras, mas, entre milhões de vozes que já existiram, quantas realmente ecoaram pelo mundo? Eu escrevo quase todos os dias. Às vezes nem mostro para ninguém. Faço isso porque sinto vontade, porque preciso colocar para fora. Mas no fundo, uma voz me diz: “e daí?”. O mundo já teve milhões de sonhadores como eu. Escritores, músicos, artistas… pessoas que também acreditaram que poderiam deixar uma marca. A maioria deles foi esquecida. Por que comigo seria diferente? A chance de alguém como eu entrar para a história é mínima. Quando penso nos bilhões de pessoas que já viveram antes de mim, e nos bilhões que ainda vão nascer depois, eu me sinto só mais um grão de areia em uma praia infinita. Nada do que eu fizer vai mudar o fato de que, um dia, meu nome também vai sumir. Talvez até mais rápido do que eu gostaria de imaginar. E esse pensamento pesa. Porque no fundo eu só queria acreditar que meus textos, meus sonhos, tudo o que eu faço, poderia significar algo. Mas quando comparo com a imensidão da humanidade, percebo que sou apenas mais um tentando ocupar um espaço que talvez nem exista. O mais duro é perceber que isso não vale só para mim. A maioria das pessoas vive e morre sem deixar nenhum rastro. Pense em quantas gerações já se passaram antes da nossa. Quantos trabalhadores, pais de família, filhos, pessoas que riram, choraram, sonharam. Onde estão eles agora? Esquecidos. Nomes que talvez nem chegaram a ser escritos em algum lugar. Gente que existiu e desapareceu como se nunca tivesse estado aqui. E, mesmo assim, continuamos insistindo. Estudamos, trabalhamos, tentamos construir algo, como se isso fosse nos tornar diferentes. Mas será que realmente faz diferença? Quando olho para trás, para a história, vejo que até os grandes nomes, aqueles que parecem eternos, também são apenas temporários. Hoje lembramos de alguns, mas daqui a mil anos, quem garante que ainda serão lembrados? O tempo apaga tudo, cedo ou tarde. Isso me faz pensar se toda essa busca por ser “alguém” não é apenas ilusão. Talvez a verdade seja que nunca vamos passar de anônimos para o universo. Mesmo os que brilham intensamente acabam apagados, então o que sobra para nós, os que mal chegam a acender? E, ao mesmo tempo, existe um paradoxo nisso tudo. Porque, apesar de saber que a vida é insignificante diante da eternidade, eu ainda sinto vontade de escrever. Ainda sinto vontade de sonhar. Talvez seja porque, mesmo que nada dure, o ato de criar ainda me faz sentir vivo agora. E talvez seja só isso que importa. No fim, ser lembrado pode ser um desejo bonito, mas é passageiro. O que é real é o instante. O momento em que você respira fundo, escreve uma linha, ouve uma música, abraça alguém. Isso ninguém tira, mesmo que desapareça depois. Ainda assim, a sensação de ser apenas mais um não some. E talvez nunca vá sumir. Porque é isso que somos: mais um rosto na multidão, mais um sonhador em meio a bilhões. A diferença é que alguns aceitam isso sem pensar, enquanto outros, como eu, param no meio do mercado, cercados de pessoas, e percebem o peso desse vazio. No final, a vida parece ser isso: uma luta silenciosa para não se sentir invisível, mesmo sabendo que, cedo ou tarde, todos nós seremos esquecidos.

Comentaris

Puntuat amb 0 de 5 estrelles.
Encara no hi ha puntuacions

Afegeix una puntuació
bottom of page