Dinheiro
- Reflexões e Inspirações
- 26 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de jun.
As pessoas adoram repetir aquela velha frase de efeito: "dinheiro não traz felicidade". Talvez digam isso para aliviar a própria frustração por não tê-lo em quantidade suficiente. Talvez seja uma ilusão confortável, uma mentira socialmente aceita que mascara a dureza da realidade. Porque, sejamos sinceros, por mais que queiram romantizar a simplicidade, por mais que tentem pintar um mundo onde a felicidade se encontra nas pequenas coisas, na prática, é o dinheiro quem dita as regras do jogo. O dinheiro molda, comanda, organiza e controla a vida de cada um de nós. Quer aceitar isso ou não. Acreditar que dinheiro não traz felicidade é um luxo de quem nunca precisou escolher entre comer ou pagar aluguel, de quem nunca olhou para o prato vazio e precisou fingir que fome era apenas falta de distração. Porque, vamos ser realistas, tente ser feliz sem dinheiro. Imagine... sem dinheiro, você não tem casa, não tem comida, não tem acesso à saúde, não tem lazer, não tem transporte, não tem sequer a liberdade de existir dignamente. Vamos a um exemplo simples: convide alguém para ir a uma pizzaria, peça a pizza mais barata do cardápio e, no final, levante da mesa e vá embora sem pagar. Tente explicar ao caixa que você não precisa pagar, afinal, dinheiro não traz felicidade. Vamos ver quanto tempo leva até que você seja algemado, processado e jogado no fundo de uma cela fria, onde, ironicamente, vai perceber que até a sua liberdade tem um preço.
Sem dinheiro, não há cachorro com ração no pote. Não há gato ronronando no sofá. Não há sofá. Não há luz, não há internet, não há água limpa saindo da torneira. Não há medicação, não há lazer, não há conforto. Não há segurança. Não há escolhas. Porque não existe liberdade onde não existe dinheiro. Você não pode cuidar da sua saúde, não pode estudar, não pode se deslocar, não pode sequer sonhar. A vida, sem dinheiro, não é vida. É uma experiência torturante de sobrevivência. Uma prisão invisível onde a única sentença é viver até que a miséria consuma até os últimos pedaços do que um dia poderia ter sido felicidade.
Agora vamos inverter essa equação. Imagine-se com dinheiro. E não precisa ser milionário. Apenas dinheiro suficiente. Suficiente para sentar em uma pizzaria, escolher o sabor que quiser, comer, pagar e ir embora sem preocupação. Suficiente para, depois disso, passar na sorveteria, pedir aquele sorvete que você gosta — não aquele que está em promoção, não aquele que é mais barato, mas aquele que você realmente quer. Suficiente para voltar para casa, abrir a porta e ver o seu cachorro pulando de alegria, os gatos deitados no sofá, a TV ligada passando aquele filme bobo que você adora. Suficiente para olhar para o calendário e perceber que no fim de semana você está livre. Então você olha para quem ama e diz: "Que tal um parque de diversões?". E aí te pergunto... quem é mais feliz? Quem não tem nada e vive encarando o abismo da existência, ou quem tem dinheiro, paga suas contas, cuida dos seus, se alimenta, vive e escolhe como viver? A resposta, embora simples, parece dolorosa para quem ainda insiste em repetir o velho mantra ilusório de que dinheiro não compra felicidade. O problema não é o dinheiro. O problema é o que ele representa. O dinheiro não compra amor, não compra caráter, não compra saúde emocional. Mas, ironicamente, sem dinheiro você também não tem tempo, nem espaço, nem estabilidade para construir amor, caráter ou saúde emocional. Porque enquanto você está ocupado tentando sobreviver, não sobra espaço para filosofar sobre felicidade. Quem tem dinheiro não compra a felicidade em si... mas compra as condições básicas que permitem que ela floresça. Porque a felicidade não brota do vazio. Ela nasce do conforto, da segurança, da liberdade de escolha. E tudo isso custa dinheiro. Pessoas matam por dinheiro. Pessoas vendem suas horas, suas forças, seus sonhos, suas saúdes físicas e mentais por dinheiro. Pessoas passam dois terços da vida trabalhando, acumulando estresse, dores, frustrações e noites mal dormidas em troca de dinheiro. E me pergunto: se ele não é importante... então por que o mundo inteiro gira em torno dele? A verdade é que quem diz que dinheiro não traz felicidade, quase sempre, é quem nunca precisou sentir na pele o que é a ausência dele. A romantização da pobreza é confortável para quem nunca foi pobre. E talvez, só talvez, essa seja uma das maiores farsas sociais que nos ensinaram desde cedo. Porque, goste ou não, aceite ou não, a verdade é nua, crua, desconfortável e inegável: você não vive sem dinheiro.




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