Voz do Condenado
- Reflexões e Inspirações
- 25 de ago.
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Escutai as palavras que se erguem da poeira e do sangue.Sou apenas um homem, perdido neste solo que nunca acolhe, condenado a ser testemunha de um mundo que não conhece piedade. Ergo minha voz ao nada, porque até o silêncio aqui tem olhos, e observa.
As sombras se estendem como mãos famintas, e nelas caminho, trêmulo, como quem atravessa o abismo entre a vida e a morte. Não existe luz que dure; cada clarão é apenas um suspiro antes de ser engolido pela noite. Não existe chão seguro; até as pedras parecem esperar o momento certo para se abrir em fendas. Em ..... ...., até o vento carrega intenções. Cada passo é risco, cada fôlego pode ser o último. Que meus pés não afundem no pântano da morte, que meus olhos não se deixem consumir pelo nevoeiro da loucura, que minhas mãos não soltem a lâmina, mesmo quando o frio do medo transformar meus ossos em ferro quebradiço. Pois aqui, desistir é morrer antes de cair. Se o destino é cruel, que me torne resistente. Se o caminho é ferro e dor, que minha carne se transforme em pedra. Se a noite é infinita, que ao menos um sopro de esperança se atreva a atravessar as muralhas desta escuridão. Eu não peço glória, não peço ouro, não peço triunfo. Peço apenas sobreviver mais um dia — carregar este corpo gasto adiante, para que a alma não seja devorada pelo vazio. Ó forças invisíveis que tecem o que chamamos de realidade, ouvi a prece de um condenado. Permiti que minha cabeça não se curve, mesmo coberta de lama. Permiti que meus pés avancem, mesmo quando tudo me chama para cair. Se a fortaleza da vida é feita de dor, que ela ainda seja suficiente para manter-me de pé. E se o fim já foi escrito, que ao menos meu sangue não se dissolva em esquecimento. Que ele manche as pedras, os rios e a terra, para lembrar aos que ousarem depois de mim: este mundo não perdoa. Os mares escondem monstros, os céus revelam presságios, as florestas sussurram mentiras, e até o tempo aqui se curva em ironia. Nada é confiável, nem a memória, nem o sonho, nem o corpo que carrego. Mas ainda assim — ainda assim — há valor em lutar.Pois viver em ..... .... é carregar um fardo que não se explica, é marchar contra o impossível, é encontrar beleza na fenda entre o horror e a esperança. E se caímos, caímos como testemunhas: de que, apesar de toda a dor, ainda vale a pena resistir. Que minhas últimas palavras ecoem: ..... .... não perdoa, mas também não esquece. E lutar aqui é gravar o nome no próprio tecido do mundo, mesmo que em sangue, mesmo que em silêncio.




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