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Reflexões e Inspirações 

Muralhas que nos Prendem

Atualizado: 12 de jun.

As barreiras que erguemos ao nosso redor são como fortalezas invisíveis, estruturas que criamos ao longo dos anos para nos proteger dos golpes que a vida insiste em nos oferecer. No início, podem parecer leves, quase imperceptíveis, apenas um cuidado a mais, uma forma de evitar as feridas que já não queremos sentir. Mas, com o tempo, essas muralhas se tornam mais altas, mais espessas, suas fundações se aprofundam como raízes que se entrelaçam em nossos medos e inseguranças. Começam como pequenos gestos de autopreservação – uma resposta curta, um sorriso contido, um olhar que desvia para evitar conexões profundas – mas, pouco a pouco, essas defesas se transformam em muros impenetráveis, separando-nos dos outros e, às vezes, de nós mesmos. Criamos essas fronteiras para nos proteger da dor, do julgamento, da rejeição, mas esquecemos que também nos isolam do afeto, da compreensão e do crescimento. É como se a necessidade de evitar o sofrimento se tornasse mais forte do que a vontade de viver plenamente, e assim, nos encontramos sozinhos em fortalezas que só nós conseguimos ver, prisioneiros de nossas próprias escolhas. Essas paredes não são feitas de pedra ou aço, mas de silêncios não rompidos, de palavras não ditas e de medos que jamais enfrentamos. São barreiras que, em sua tentativa de nos proteger, acabam nos afastando de tudo o que poderia nos libertar. E assim, cada passo em direção ao outro se torna um risco, cada aproximação uma ameaça à estabilidade dessas paredes invisíveis. O que poucos percebem é que essas fronteiras, por mais sólidas que pareçam, não são inquebráveis. Elas podem ruir com um toque sincero, uma palavra de compreensão, um gesto de confiança. Mas, para isso, é preciso coragem para se expor, para deixar que as rachaduras se formem e permitir que a luz entre. No fim, talvez as barreiras que tanto nos orgulhamos de manter sejam, na verdade, as mesmas que precisamos derrubar para finalmente nos libertar. Mas esse processo não é simples, pois exige que confrontemos não apenas os outros, mas a nós mesmos. Somos nossos próprios carcereiros, aqueles que seguram firmemente as chaves de nossas próprias prisões. E nesse confinamento voluntário, muitas vezes confundimos segurança com solidão, estabilidade com estagnação. O medo de se machucar se torna o principal arquiteto dessas muralhas, erguendo tijolo após tijolo com cada decepção, cada mágoa, cada vez que sentimos que confiar foi um erro. Mas e se, por um momento, permitíssemos que as fissuras se alargassem? Que os ventos da mudança cruzassem as paredes que tanto protegemos? Talvez, ao aceitar nossas vulnerabilidades, descobriríamos que há mais força em se abrir do que em se esconder. Que as conexões que tememos podem ser, na verdade, os caminhos que nos levarão à liberdade. Porque, no fim, não são as paredes que nos protegem, mas a coragem de nos mostrarmos como realmente somos.


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