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Reflexões e Inspirações 

O Som das Memórias

Atualizado: 12 de jun.

A saudade é um peso que carregamos no peito, uma ausência que preenche todos os espaços vazios com memórias que insistem em se repetir, como ecos de risos que já se dissiparam e olhares que se perderam no tempo. É um sentimento que nos faz revisitar lugares que talvez nem existam mais, reconstruindo mentalmente cenas que, de tão distantes, parecem se desmanchar como névoa sob o calor do presente. A saudade não é apenas a ausência de alguém ou algo, mas a ausência de uma versão de nós mesmos que ficou para trás, presa em momentos que jamais voltarão. Ela é como uma fotografia esquecida no fundo de uma gaveta, amarelada e frágil, mas ainda capaz de trazer à tona emoções tão intensas que nos fazem prender a respiração. É o perfume de um dia de verão que não volta mais, o som de uma risada que ecoa em nossa memória, mesmo quando o silêncio é absoluto. Saudade é aquilo que sentimos quando percebemos que o tempo passou sem pedir licença, levando consigo partes de nós que talvez nunca recuperaremos. É a música que nos transporta para noites estreladas, para conversas intermináveis e para abraços que pareciam eternos, mas que, agora, são apenas lembranças. Mas a saudade também é o que nos mantém humanos, o que nos lembra que, apesar de tudo, tivemos momentos que valeram a pena, instantes que deixaram marcas em nosso ser. Carregamos essa ausência com um misto de dor e gratidão, sabendo que, se sentimos falta, é porque, de alguma forma, fomos felizes. No fim, a saudade é o que nos faz querer viver novamente, para que possamos, um dia, sentir tudo isso de novo, mesmo que de formas diferentes, com novas pessoas e novos sorrisos. É a prova de que, mesmo na ausência, a presença permanece. E há algo de paradoxal na saudade, pois quanto mais tentamos esquecê-la, mais ela se faz presente. Ela é o som de passos que não ouvimos mais, o calor de mãos que não tocam mais a nossa pele, a voz que, mesmo em silêncio, continua a ecoar em nossos pensamentos. É aquele sorriso que nunca envelhece em nossas memórias, congelado em um instante que parece eterno, mas que se perdeu no tempo. Saudade é também a lembrança das pequenas coisas, dos detalhes que nunca pensamos que seriam importantes, mas que, com o passar dos anos, se tornam tesouros escondidos em nossos corações. É a maneira como alguém nos olhou pela última vez, o jeito como uma voz se quebrou em uma despedida ou o toque leve de uma mão que, mesmo ausente, ainda sentimos em nossos momentos de solidão. Carregamos essa ausência como uma âncora que nos prende ao passado, mas que também nos impulsiona a buscar novos começos, novos rostos, novos motivos para sorrir. Porque, no fim, a saudade é a prova de que amamos, de que vivemos intensamente e de que, apesar de tudo, não nos arrependemos das escolhas que nos trouxeram até aqui. Ela é o reflexo da vida que tivemos, das histórias que contamos e dos amores que, mesmo distantes, ainda fazem parte de quem somos.


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